As duas faces do basquete Enquanto há excelentes trabalhos nas categorias de base, adulto despenca e hiberna
19/12/2010
Marcos Cesar Gouvea
Londrina adora basquete. Essa parece ser uma unanimidade. Na base, tanto no masculino como no feminino, há trabalhos exemplares, que tiveram um ano muito bom. Ou seja, há mananciais de atletas para suprir equipes adultas. No adulto, no entanto, Londrina está órfã, depois de ver projetos e equipes nacionais caírem por terra por culpa de administrações desastrosas. A última experiência profissional, o Novo Basquete Londrina (NBL), acabou pagando pelos erros da antecessora Associação Desportiva Londrinense (ADL).
Neste ano, o NBL vinha bem, com o título do Campeonato Paranaense praticamente garantido e boa perspectiva de ganhar a Copa Sul, primeiro passo para a volta ao Novo Basquete Brasil (NBB). O problema de sempre estragou o trabalho: faltou patrocínio. Até a mãe de todos os esportes em Londrina, a Sercomtel, retirou o apoio porque foi acionada por ex-atletas da desastrada ADL na Justiça Trabalhista. A Sercomtel não pode continuar o patrocínio porque as ações trabalhistas impediam, justificou a empresa de telefonia.
O quadro para o basquete adulto virou numa espécie de “terra arrasada”. Até mesmo a Fundação de Esportes de Londrina (FEL) baixou a verba destinada em 2011 ao basquete no Programa de Esporte de Alto Rendimento. Despencou de R$ 210 mil para R$ 70 mil. Por outra parte, projetos que hoje trabalham a base, como a Associação Londrinense de Esportes, ensaiam vôos mais altos, ou seja, podem num futuro próximo partir para a montagem de times adultos competitivos.
‘Não poderia ter sido melhor’
O presidente do Novo Basquete Londrina (NBL), Luiz Henrique Arns, disse na última semana que o time está hibernando neste final de ano. Uma reunião dos nove sócios da empresa deveria decidir se o clube-empresa disputava o edital da FEL, com prazo até dia 28, ou se preferia seguir com as próprias pernas, sem depender de verba pública.
“O basquete é um produto muito bom. Depois do futebol é o esporte que o londrinense mais gosta. Vamos reestruturar para disputar o Paranaense, a Copa Brasil”, disse Arns.
O trabalho na base vive outra realidade.
O ano não podia ter sido melhor. A Associação Londrinense de Esportes, no Canadá Country Club, cuida da formação do basquete masculino, de 9 a 18 anos, há muitos anos, e comemora, entre outras conquistas, o hexacampeonato dos Jogos da Juventude do Paraná. O trabalho, coordenado pelo professor Vilmar Aparecido Caus, o Mazinho, é feito via Programa de Esporte de Rendimento para a Juventude, cuja verba para 2011 é de R$ 50 mil.
O projeto com o feminino, na mesma base, no Iate Clube, tem como coordenador o professor Marival Antonio Junior, e técnico Paulo Sergio Vasconcelos. Ambos destacam as conquistas das meninas. “Não poderia ter sido [um ano] melhor. Vice-campeão dos Jogos da Juventude na divisão B, subindo para a divisão A. Campeãs dos Jogos Colegiais do Paraná, até a 8a série. Campeãs na Federação no sub-12, sub-14 e quarto no sub-17. E, representando o Paraná, o vice-campeonato nas Olimpíadas Escolares Brasileiras”, destaca Marival Junior. Este último serviu, segundo Paulo Sérgio, para tornarem conhecidos o elenco e o trabalho em Londrina. “Já temos atletas jogando fora, servindo à seleção paranaense. E neste ano ampliaremos o trabalho com o Colégio Portinari, estendendo para o ensino médio, até os 17 anos”, disse Paulo Sergio.
O Colégio Portinari tem papel importante nos dois basquetes de base. O diretor presidente do grupo, Cleidival Fruzeri, faz questão de marcar posição: investimento é na base.
Mazinho, do basquete masculino, também diz que o requisito básico para o basquete é o vínculo com a Educação. Lidando com cerca de 120 atletas, Mazinho afirma que o pior do trabalho é a transição do juvenil para o adulto. “Por isso pensamos em montar um time adulto, mas aí preciso de uma universidade”. Segundo o professor, o que faltou na administração dos times adultos na cidade foram competência e gente do ramo.
Fonte : www.jornaldelondrina.com.br
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