quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Basquetebol


BOLA DE BASQUETE: PROTESTO E GRATIDÃO
De todos os esportes em que a bola é o instrumento de jogo, o único em que ela não é vítima de agressão é o basquete.
No futebol ela é tratada aos pontapés. Os jogadores menos hábeis chegam a pisá-la. E quando a meta é atingida, fica a bola presa nas redes, como um animal caçado, inerme e combalida.
No futebol americano, a suprema humilhação: ela é carregada na axila por verdadeiros brutamontes, que de tanto aperta-la deixaram-na oval...
No voleibol, então, a agressão é perpetuada em todos os lances.
Em outros esportes usam-se até instrumentos de sevícia - raquetes, tacos, bastões. No golfe a bola é espancada até com ferro, e quando a meta é atingida, ela vai repousar em uma cova rasa, na grama, como um funeral de indigente. Mas é na sinuca que a barbárie chega ao auge.
Numa ação fratricida, a bola agride suas próprias irmãs, e é tratada como criminosa, pois tem número como detento e é morta pelos jogadores (mate a cinco e depois a sete!).
É no hóquei que se pratica um atentado contra a sua identidade. De tanto ser arrastada sobre o piso, num processo cruel de abrasão, ela deixa de ser bola para ser disco.
Por todo esse trato execrável contra suas congêneres é que a bola de basquete registra seu mais veemente protesto.
Mas no basquete tudo é diferente, Ela é impulsionada sobre o piso, sem ninguém bate-la. Mesmo quando a meta não é atingida, recebe um tapinha carinhoso para corrigir o seu rumo. Não fica refém da rede, desliza por ela, suavemente, e sai liberta e saltitante para mãos afáveis.
E como preito de gratidão, a bola de basquete penetra no alvo, que é pouco maior que ela, dezenas de vezes mais que em quaisquer desses esportes.
Por tudo isso deixa ela aqui o seu... Muito obrigado, basqueteiros!

Freitas Netto
Fevereiro / 2002

Nenhum comentário: