domingo, 22 de novembro de 2009

Coluna Londrix

Balaio Eletrônico
O basquete voltou


Rogério Fischer
Graças a Deus, o basquete voltou em Londrina. Em grande estilo, aliás. Poxa, choveu pra caramba. Tempo ruim de sair de casa. Umas mil pessoas estavam no Moringão. Jogo perfeito: primeiro tempo com aplauso, segundo da virada e terceiro projetando o que não vai acontecer no quarto. Atrasado, subi a rampa na hora de algum ponto importante, pela gritaria. Fila. Comprei, entrei, terminou o primeiro quarto. 16 a 15. Peguei pela esquerda, fui direto ao bar. Neca de cerveja. Droga de mundo civilizado. Posicionei-me atrás da tabela, na altura dela. À esquerda, logo atrás do banco do Flamengo, dois caras, um com colete, passava uma fita torta à frente do parapeito. Era uma tentativa, tola, de afastar Paulinho da Bengala do banco carioca. Ele fala tudo pros caras. De supostas cornices ao apagão. Uma fita entre o parapeito e a primeira arquibancada. Que idiotice. Quando eles imaginaram que isso impediria o trabalho do Paulinho? Se tivessem jogado ele na primeira arquibancada, de cima para baixo, era capaz dele jogar o corpo à frente e esticar o pescoção até a fuça do adversário. Se eu fosse o adversário do Londrina no Moringão, pensaria seriamente em subornar o Paulinho. O jogo sem ele e com ele é completamente diferente. Para o adversário. Ele grita, xinga os caras o tempo todo. É grandão, e usa uma bengala. No Moringão antigo, sem os paredões atrás das tabelas, o círculo de arquibancadas completo, a bengala dele chegava dentro da quadra. Isso coincidiu com aqueles jogos nervosos anti-Oscar. A torcida com Moringão cheio era infernal. Eu não queria estar na pele dos caras. Reformataram o ginásio, ceifando parte da arquibancada - uma mordida atrás de cada tabela. O Paulinho não se conformava com a fita. Aproveitando que duas meninas, de três, quatro anos, brincando com a fita, passaram por ela, ele encostou na bengala na tira, que desmoronou. O cara mais grandão dos dois voltou e colocou a fita de novo. A coisa mais inútil do mundo. Vinte centímetros a mais ou a menos não é problema. Entregamos o segundo tempo. Voltamos para o terceiro titubeantes. O time do Londrina faz muitas jogadas bobas. Perde muitos pontos fáceis. Usam a bandeja e o jump para fazer um passe de dois metros. Aliás, viram o passe. Qualquer passe é feito assim. E isso provoca muitas bolas para o adversário. E muitas cestas desperdiçadas. As falhas chegam a ser colegiais. Porém, sempre bem intencionadas, com empenho, vontade. Isso garantiu a empatia desse time com a torcida. Pela que vi hoje, ontem, enfim, uma hora e meia atrás, o time tem carisma semelhante às equipes de 96, 97, 98. Com o mesmo Enio Vecchi. Com ele, naquela primeira fase, a rigor, disputamos só sétimo e quinto lugar. Esse time pode não ser um time de ganhar o campeonato, mas uma hora e meia atrás ganhou do campeão brasileiro - e, ao que tudo indica, candidatíssimo ao bi. Ganhou com autoridade, escrespando no momento chave e resolutivo no momento crucial. Sinal de que tem muito a crescer - a começar evitando as cagadas juvenis. Mas eu dizia que tentaria subornar o Paulinho, e com isso correria um risco tremendo. Se desse uma chiquita, ele enrolaria bonitinho, colocaria fogo e acenderia o cigarro. Prejuízo moral certo para o sujeito ativo, que correria risco, ainda, de levar uns tabefes. O quarto tempo começou como de costume, naquele ar de indefinição total. É legal que um time chegue diante do outro, em casa, no último quarto, sempre em condições de vencer. Em especial, contra o campeão brasileiro, indiscutivelmente o melhor time do país, campeão sul-americano, sempre aguerrido, salário atrasado e o escambau. Empatamos o jogo faltando 6s, o Mengo reiniciou, Duda - que jogou no Londrina novinho de tudo, há uns 10 anos; ele é irmão do Marcelinho - chamou a responsa, fez o jump e perdeu o arremesso. Empate. Prorrogação. Lá e cá. Chegamos a ficar atrás, recuperamos. Na hora da onça beber água, os caras erraram um ataque e metemos quatro pontos de vantagem. Fizemos o que esse merda desse time do Palmeiras não fez no Brasileirão, sacou? Faltavam 23s. Mesmo que fizessem uma de três, sobrariam poucos segundos e teríamos a posse de bola. E levamos a falta. Dois arremessos. Perdemos o primeiro, fizemos o segundo. Cinco pontos. O mata-leão estava dado. Ippon. Zoeira total no ginásio. O basquete é muito legal. O pega vai sempre até o fim. Nóis gosta de basquete. Graças a Deus que o basquete voltou em Londrina.
Fonte : www.londrix.com.br

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