segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Entrevista Flávia Renata Almeida


Entrevista

Flávia Renata Almeida

O que achou do Mundial Sub-19 Feminino, realizado na cidade de Bangkok, na Tailândia no final do mês de julho?
Foi um campeonato muito forte tecnicamente, pois estavam participando as 16 potências mundiais do Basquete Feminino. Tivemos ótimos jogos e surpresas durante a competição. Não houve uma equipe favorita, e sim um pequeno grupo que poderia chegar a final, como Estados Unidos, Espanha, Austrália, Canadá, Argentina, e no final, venceu quem errou menos durante a competição. Foi um orgulho muito grande representar a Arbitragem Brasileira e ser indicada entre os Árbitros FIBA que lá estavam, para apitar a Final disputada por Estados Unidos x Espanha. A cidade de Bangkok, juntamente com a FIBA ASIA deram um show de Organização, deixando todos os participantes com uma ótima lembrança deste Campeonato.

Apesar de ser sua primeira competição internacional, você percebeu muita diferença entre os estilos de arbitragem e como foi sua adaptação a esses estilos?
Existe uma diferença no estilo de Arbitragem Mundial, assim como temos diferenças dentro do Brasil, característico de cada região. Mas isso não foi problema, pois tivemos reuniões técnicas durante a Competição, onde padronizamos como seria o Campeonato, assistíamos os videos com situações ocorridas durante os jogos, e discutíamos juntamente com o Sr. Lubomir Kotleba (FIBA), Sr. Nosratollah Jafarian (IRAN) e Sr. Geraldo Fontana (BRA), e antes de cada jogo, os três árbitros se reuniam, e faziam a Pré-Partida - essencial para a realização de um bom jogo, interação e parceria entre os árbitros.

Numa competição, como é o convívio com os outros árbitros, de diferentes culturas?
São muitas personalidades, idiomas e costumes diferentes que se misturam aos poucos. O convívio é muito bom, a interação é muito grande e vai crescendo com o passar dos dias, pois além de todos se comunicarem em Inglês, apesar do idioma primário ser geralmente diferente, a curiosidade por saber sobre a cultura alheia é muito grande. Então, sempre surge um assunto ou outro, sendo difícil não fazer novas amizades e retornando com um aprendizado muito grande.

Que assuntos surgem numa conversa entre árbitros?
Surgem diversos assuntos, desde o que está acontecendo na própria Competição e outras competições.. Assuntos profissionais (o que cada um trabalha quando não está arbitrando), curiosidades sobre cultura, idiomas.. Discutimos regras e situações de jogo, e assim por diante.

Como as competições nacionais te ajudaram a chegar ao nível internacional?
As competições nacionais foram essenciais para eu chegar a Categoria Internacional. Participei de alguns campeonatos nacionais de base, dentre eles 4 Acampamentos de Arbitragem Eletrobrás, realizados pela CBB, durantes as Olimpíadas Escolares, realizadas pelo COB (2005/06/07/08). Nestas competições tivemos reuniões técnicas, onde analisávamos como foi a nossa participação durante aquele dia, assistíamos a vídeos editados com situações especiais, realizávamos as reuniões Pré-Partidas antes de cada jogo. Juntamente com essas competições de base, também participei nos mesmos períodos dos Campeonatos Nacionais Adulto Feminino (2005/06/07/08), e Masculino (2008/09), onde estas reuniões Pré-Partidas também aconteciam. Com certeza sem a seriedade, dedicação e o profissionalismo com que trabalhava e trabalho nestas competições, seria difícil ter tido essa oportunidade Internacional.

Como é o relacionamento entre o árbitro e os jogadores antes, durante e depois das partidas?
O relacionamento é o mais profissional possível. Estamos lá trabalhando, e os atletas também. Por isso, acredito que o respeito, a disciplina e a seriedade de ambos dever prevalecer durante qualquer fase do jogo.

Você sente muita diferença entre competições femininas e masculinas? Entre base e adulta?
No Masculino, a força física e o ritmo de jogo são maiores que no feminino, tanto na Categoria Adulta, quanto na base. Existe também a questão de interferência de cesta, que raramente ocorre no feminino. Sei que existe esta diferença, mas não sinto nenhum problema em relação a isso, principalmente porque antes de entrar em quadra, tenho meu momento de concentração, para quando estiver em jogo, tentar evitar as surpresas que podem acontecer.

O que você acha do aumento do número de mulheres na arbitragem nacional e internacional?
Acredito que seja um processo natural as mulheres estarem sendo inseridas num contexto antes dominado pelos homens, como em todos os segmentos profissionais. Fico muito feliz e orgulhosa de fazer parte deste processo, que iniciou em 2003, com o Programa de Incentivo a Arbitragem Feminina, tanto na FIBA, quanto na CBB. Temos a mesma capacidade de trabalho que os homens, e com isso as oportunidades estão surgindo, e nós mulheres, mostrando o nosso melhor.

O que você mais gosta num jogo? E o que não gosta?
Não sei se existe o que mais gosto e que não gosto. Posso dizer que prefiro quando não existem situações de brigas entre atletas, ou dirigentes, sejam elas físicas ou verbais. Mas sei que isso faz parte do jogo, e se acontecer, tenho que estar preparada para intervir e solucionar.

Tem alguma regra que você acha difícil de aplicar na hora do jogo?
Basquetebol é um esporte muito dinâmico, onde a decisão do Árbitro é tomada em fração de segundos. Acredito que a falta técnica seja muito subjetiva, pois acontece em momentos onde não há contatos físicos, e depende somente da interpretação do Árbitro naquele momento.

Qual sua expectativa sobre os novos moldes que o basquete nacional vem tomando?
Com estes novos moldes, o Basquete Nacional está tendo um maior aparecimento na mídia, e a expectativa é que, com isso, o investimento nas categorias de base aumente, as crianças e adolescentes se interessem pelo nosso esporte, e que os professores estejam capacitados para recebê-los e prepará-los para o futuro, aumentando assim o número de jogos, e principalmente, o nível técnico e tático das equipes, colocando assim, o Brasil novamente entre as grandes equipes competitivas do Mundo. Se o trabalho de base for feito de maneira correta, e a continuidade do trabalho for feita com compromisso e seriedade, todos nós só temos a ganhar.

fonte:fprb.com.br

Um comentário:

Paes disse...

Estou muito orgulhosa de voê Flavia! Muito sucesso, você merece!!!! Rosana - São Paulo