sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Técnico estrangeiro? Não. Precisamos apenas mudar

Técnico estrangeiro? Não. Precisamos apenas mudar
6/9/2007
Amigos do basquete. Há quanto tempo não escrevo um comentário sobre essamodalidade que até agora me fascina, mesmo com tantos fracassos. No femininoe masculino é bom que se diga. Mas está no sangue. É gostoso ver uma enterrada, umabela assistência, um arremesso vendo a bola entrar sem tocar no aro.E a saudade aumenta ainda mais quando presenciamos fracassos seguidos:primeiro a feminina, no Mundial em São Paulo, e agora o masculino, no Pré-olímpicode Las Vegas. E não fiquei surpreso porque já previa tudo isso. No feminino,faltou comando no Mundial e no Pan-americano (perdemos para seleção de novas dos EUA).Faltou atualização, arrojo e, acima de tudo organização fora e dentro da quadra, como por exemplo ficar sem a melhor pivô, Alessandra Oliveira, por culpa da CBB que a abandonou após uma contusão.Mas nos últimos dias tenho ouvido e lido coisas de todos os tipos, inclusive sobrea importação de técnicos para encontrar um caminho para a seleção masculina. Não pensoassim. E não será um técnico argentino ou iugoslavo que vai mudar nossa maneira de jogare encontrar o caminho das conquistas. Primeiro que é necessário sim, mudar a mentalidade dojogador brasileiro. Fazer que as principais estrelas sigam o caminho do Leandrinho, porexemplo. Esse tem prazer de jogar pela seleção, com a vontade de vencedores como Oscar, Marcel, Paula, Hortência e tantos outros do passado recente.Outro detalhe importante é que passar a jogar um basquete com controle de bola - coisa que falamdemasiadamente hoje, até mesmo aqueles que já estiveram como técnico na seleção - nãoé a única causa e só isso não vai resolver. O que é preciso mudar a mentalidade do Brasileiroem jogar o basquete de hoje. Não se pode, em hipótese alguma nos dias de hoje começar umapartida de alto nível, com a filosofia de correr e arremessar. Isso era possível quando tínhamos jogadores excepcionais em arremessos, e mesmo assim quantas derrotas presenciei com esse tipo de jogo. Mas tínhamospelo menos 50% de chances de vencer. E as vezes vencia. Hoje não. A derrota sempre está na cara.Para pensar em bons resultados é preciso mudar do zero uma maneira de jogar, comotinha antes. E como era temido o ataque brasileiro. Era verdade que nossa defesa levava 100pontos, mas o ataque geralmente fazia 110. Hoje não se pode fazer issomais. Então, é preciso ter padrão de jogo. E com os poucos jogadores valorizados, isso ficadificil. Por isso acima de tudo é preciso popularizar nosso basquete, com Ligas fortes, atraentes e com profissionalismo que não existe hoje. Com um número maior de jogadores, tenho certeza que nossa seleção B, venceria a seleção A da Argentina. Mais do jeito que está, a nossa principal seleção não vence nem a B da Argentina.No torneio Pré-olímpico de Las Vegas, o que presenciamos foi um amontoado de jogadorescorrendo para atacar, uns tentando defender, mas sempre prejudicados por aqueles que não gostamde marcar (ou não sabem ou não querem), como se incorporasse nesses jogadores (Marcelinho Machado, por exemplo), a mesma categoria ofensiva de um ataque matador que tinha um cestinha como Oscar.Ao técnico Lula Ferreira, a omissão dele como comandante foi patética, como ficar pedindoexplicações a jornalista Valéria Sukeran, do Estado de São Paulo, junto com os jogadoresGuilherme e Marcelinho Huertas. Tinha era que mandar os atletas para o vestiário e resolverele o caso, no diálogo e se ela errou na informação, provar o contrário da notícia. Não, ficou do ladodos jogadores, mesmo sabendo que a casa estava caindo. Tentou tapar o sol com a peneira.E como vamos sair dessa fase que vai para 12 anos sem um bom ciclo olímpico. É preciso voltar aos tempos da disciplina tática, como era a época de monstros sagrados como Amaury Pasos e Wlamir Marques. Jogador indisciplinado taticamente não se pode mais jogar na Seleção Brasileira. E trazer um técnico de fora só vai retardar as soluções. E nenhum país que importou técnico conseguiu resultados a curto e longo prazos. Temos boas promessas de técnicos no País. Restam a eles, um pouco de humildade. De Reconhecer que o basquete que se joga e ganha internamente, só serve para o fracasso internaciolmente.

Juarez Araújo
Jornalista
araujojuarez@hotmail.com

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