domingo, 17 de fevereiro de 2008

Pé-vermelho vai apitar nos Jogos de Pequim

Cristiano Maranho, árbitro que começou a trabalhar no Norte do Paraná, será o único do basquete masculino do Brasil na Olimpíada

O paranaense Cristiano Maranho tem uma série de competições internacionais em seu currículo

O árbitro paranaense Cristiano Maranho, 33 anos, será o único representante do basquete masculino do Brasil na Olimpíada de Pequim, entre os dias 9 e 23 de agosto. Sua convocação foi anunciada semana passada, pela Federação Internacional de Basquete (Fiba), juntamente com a da árbitra Fátima Aparecida dos Santos e de Geraldo Fontana, que será comissário de arbitragem nos Jogos Olímpicos. Fontana é o atual diretor de arbitragem da Confederação Brasileira de Basquete (CBB).

Maranho é nascido em Jandaia do Sul (18 km a oeste de Apucarana) e começou a apitar em 1995, nas quadras do Norte do Paraná, tendo feito inclusive cursos de aprimoramento em Londrina com o coordenador de arbitragem da Liga Metropolitana de Basquete (LMB), Hamilton de Azevedo, que é técnico na Associação Recreativa e Esportiva Londrinense (Arel). ''Ele começou a apitar comigo, pois somos quase da mesma idade, e fico muito feliz de vê-lo aparecer para o mundo assim tão rapidamente'', comentou Azevedo.

Maranho integra o quadro da CBB e é árbitro internacional (Fiba) desde 1998. Há três anos teve divergências com a direção da Federação Paranaense de Basquete e decidiu se filiar à Federação Catarinense. O anúncio da sua primeira convocação para uma Olimpíada se deu enquanto ele estava no México, apitando os jogos do Super Four (quadrangular final) da Liga das Américas de Basquete Masculino, competição em que o Brasil foi representado pelo Minas Tênis - terminou em 4º lugar.

''Fiquei muito emocionado, porque o auge de todo profissional envolvido com o esporte é ir a uma Olimpíada e para mim não é diferente. O caminho é longo e árduo e às vezes muitos profissionais bons não alcançam esse objetivo'', declarou o paranaense. ''Estou muito feliz, pois ser indicado para arbitrar nos Jogos é uma demonstração de que meu trabalho foi reconhecido e também confiam na minha arbitragem. Devo tudo isto às pessoas que sempre acreditaram no meu trabalho aqui no Brasil'', acrescentou.

Nesta entrevista exclusiva à FOLHA, Maranho, que estava no México, falou sobre a sua presença na Olimpíada e sobre outros aspectos do basquete barasileiro.

FOLHA - Quanto você imagina que a arbitragem na Olimpíada irá reforçar o seu currículo?

Maranho - É difícil ter uma dimensão disso, mas acredito que se deve observar por outro lado: quantos árbitros brasileiros de basquete já apitaram Olimpíadas? Só então poderei ter uma noção do quanto é importante uma Olimpíada para o currículo de um árbitro.

FOLHA - O declínio do basquete nacional, com a divisão dos clubes em dois campeonatos e os fracos desempenhos da seleção masculina, prejudicou a modalidade nos últimos anos. E quanto a vocês árbitros? Também foram prejudicados?

Maranho - Primeiramente não acredito em declínio, mas sim em gerações, e nossa seleção sofreu um pouco com a transição de gerações. A geração de Oscar, Marcel e de outros jogadores cultivou várias conquistas e na transição daquela para esta nova geração que está aí, houve uma lacuna grande e a seleção sofreu muito. Quanto à parte de arbitragem, acredito que a do Brasil é uma das melhores do mundo, pois se buscarmos nos últimos grandes campeonatos da Fiba (Mundiais Adultos e Olimpíadas), iremos verificar que a nossa arbitragem esteve presente em duas finais olímpicas, uma final de Mundial Adulto Feminino, e uma semifinal Adulto Masculino. Não sou eu, Cristiano, que falo isto, mas as participações da arbitragem brasileira nestes campeonatos respondem por si só.

FOLHA - Quais as chances da seleção masculina do Brasil ir à Olimpíada?

Maranho - Acredito muito em gerações. E esta geração atual do Brasil tenho certeza absoluta que dará muitos frutos para a seleção. Acredito sim, que o Brasil conseguirá uma vaga olímpica, apesar de ser um torneio dificílimo. Creio que o Brasil sairá de Atenas com uma das vagas olímpicas.

FOLHA - Por que você se mudou do Paraná para Santa Catarina?

Maranho - Resolvi aceitar o convite do presidente da Federação Catarinense ao qual respeito muito, por ser uma pessoa extremamente profissional. Eu não concordava com a filosofia de trabalho do ex-diretor de árbitros da Federação Paranaense.

FOLHA - Por que o Campeonato Nacional de 2008 está tendo três árbitros em quadra?

Maranho - Isto é um mérito conseguido pela Confederação Brasileira, pois a Fiba determinou que as principais competições dela seriam arbitradas por três árbitros, e as nacionais também.

FOLHA - Por que há diferenças de critério da arbitragem olímpica e da arbitragem da NBA no que se refere, por exemplo, a jogadas de contato no garrafão? Pois na NBA o jogo é mais solto...

Maranho - Cada entidade tem as suas particularidades em relação a seus critérios de arbitragem. Não posso avaliar quais os critérios de arbitragem da NBA, pois não conheço a fundo a sua filosofia. Quanto à filosofia de arbitragem da Fiba, sempre temos reuniões técnicas antes do início de qualquer competição para definir os critérios a serem usados, que são: fluidez de jogo (marcar só faltas ou violações que realmente afetem o jogo), e controle de jogo (disciplina).

J K Reportagem Local
Fonte: folhadelondrina.com.br

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