sábado, 8 de novembro de 2008

Notícias do Basquetebol de Londrina

'Guerra' deixa basquete londrinense sem verbaDisputa envolvendo ULB e Inesul impede repasse de recursos por parte da Fundação de Esportes

A queda de braço envolvendo as diretorias do União Londrina Basketball (ULB) e da Associação Desportiva Londrinense, a Inesul, pode deixar o basquete londrinense sem a verba pública oriunda do Fundo Especial de Incentivo a Projetos Esportivos (Feipe) em 2009, o que representa uma fatia gorda dos recursos que a modalidade tem durante a temporada. O imbróglio ainda está longe de ter um fim e o capítulo final da novela pode ocorrer após o encerramento do edital do Feipe, o que impediria a Fundação de Esportes de Londrina (FEL) de repassar o patrocínio à equipe que for disputar o Nacional de Basquete do ano que vem. A verba deste ano, que por direito é da ULB, está bloqueada devido a uma denúncia feita por jogadores que defenderam o clube no Nacional de 2008 e hoje estão na Inesul. O caso está na Controladoria Geral do Município e não tem previsão para ser solucionado. Assim, a ULB ficaria impedida de concorrer à verba de 2009. Neste caso, a Inesul ficaria sozinha na briga. Porém, um dos pré-requisitos dos esportes de alto rendimento, onde se enquadra o basquete, para participar do edital é ter uma certidão de uma entidade nacional, no caso a Confederação Brasileira de Basquete (CBB), atestando que a associação que pleiteia a verba vai disputar o Campeonato Brasileiro. Como hoje, o dono da vaga na recém-criada Liga Nacional de Basquete (LNB) é a ULB, a Inesul seria desclassificada e a verba seria utilizada em outro setor. ''Até o fim de novembro devemos publicar o edital e existem pré-requisitos e critérios que têm que ser obedecidos para escolher o beneficiado. Por enquanto, nenhum dos dois se enquadra'', afirmou o cordenador de convênios da FEL, Pedro Lanaro Filho. Para a temporada 2008, a ULB teria direito a R$ 150 mil do Feipe, com uma contrapartida de R$ 82,5 mil. Esses valores seriam diluídos em 11 parcelas de acordo com o plano de aplicação elaborado pelo próprio time. No entanto, as diretorias da ULB e da Inesul, que era a patrocinadora do clube na época, se desetenderam após a demissão de toda a comissão técnica do time, encabeçada por José Saviani, que era o técnico, e José Guilherme Flenick, que hoje são, respectivamente, treinador e presidente da ULB. O desentendimento chegou à conta concorrente da equipe, que foi suspensa, fato que impossibilitou os depósitos da verba. O imbróglio foi parcialmente resolvido em abril e a FEL pagou a primeira das 11 parcelas, no valor de R$ 10.994,19. A prestação de contas da aplicação dos recursos foi feita somente quatro meses depois, em 19 de agosto, por Paulo César Chanan Silva, dirigente da Inesul que presidia a ULB à época. No dia 8 de setembro, a segunda parcela foi pedida pelo clube e, quando foi feita a prestação de contas, já sob assinatura de Flenick, apareceu o problema. Alguns jogadores, além do técnico da Inesul, José Eduardo Vicente, o Leitinho, alegaram que a assinatura presente nos recibos de pagamento dos salários era ''falsificada''. A direção da FEL, então, convocou uma reunião com as duas diretorias e os jogadores para ouvir as duas partes, numa espécie de acariação. Uma ata foi elaborada com os acontecimentos do encontro. Porém, Leitinho e Chanan deixaram a reunião antes do fim e não assinaram o documento. Sem solução, o caso foi encaminhado para a Controladoria Geral do Município, que tomará a decisão sobre o assunto, que pode até parar no Ministério Público. ''O recurso está aqui e é para ser utilizado, mas é dinheiro público e temos que ter responsabilidade. Se não estiver tudo regularizado, sem pendências, não podemos liberar'', disse o diretor administrativo e financeiro da FEL, Luiz Vargas Prudêncio. Flenick descartou qualquer falsificação e classificou a denúncia de tentativa de prejudicar seu clube. ''A meu ver, pegaram os jogadores de laranja. É um absurdo. Se você não tem condições de manter uma equipe, não pode atrapalhar a outra quem tem a vaga (na LNB)'', protestou o presidente da ULB. ''Demos a idéia de unificar os dois clubes, afinal o basquete não é meu, não é do Chanan, é da cidade, mas não quiseram'', contou.

Chanan diz que foi retirado da presidência
Procurado pela reportagem, o presidente da Inesul, Paulo Chanan, evitou polemizar e fez questão de ressaltar que não quer briga com a diretoria, antes amiga e hoje rival, da ULB. Chanan conta que foi retirado da presidência da ULB sem dar o consentimento e sem ser consultado e foi aí que começaram os problemas relacionados à verba do Fundo Especial de Incentivo a Projetos Esportivos (Feipe). ‘‘Mudaram o estatuto sem meu conhecimento e me tiraram da presidência, colocando o José Guilherme (Flenick). Foram ao contador, pegaram os documentos e fizeram a prestação de contas da segunda parcela (da verba do Feipe). Eu retirei as duas parcelas e apliquei os recursos de acordo com o plano de aplicação, mas eles que prestaram conta da segunda’’, justificou-se Chanan, referindo-se à documentação que está sob suspeita de falsificação. Mesmo assim, segundo ele, a Inesul acabou assumindo dívidas que já não eram de sua responsabilidade, num montante aproximado de R$ 20 mil. O dirigente da Inesul afirmou que não quis brigar para ficar no cargo e, por isso, abriu a ADL. Chanan garantiu que os recursos das duas parcelas foram aplicados da forma como havia sido estipulada e que os jogadores, que alegam terem tido a assinatura falsificada, foram pagos. Na própria ata da reunião ocorrida na FEL eles admitem terem recebido os salários. O dirigente também justificou a ausência das assinaturas dele e de Leitinho na ata. ‘‘Não concordava com o rumo que a reunião estava tomando e, por isso, levantei e fui embora antes do final, assim como o Leitinho’’. (T.M.)


Times prometem brigar por verba pública
Enquanto trocam acusações, os dois times convivem com tempos de penúria financeira e um futuro nebuloso. Na ULB, a direção corre contra o tempo para depositar a tempo os R$ 20 mil referentes à primeira parcela da Liga Nacional de Basquete. No segundo semestre de 2009, outros R$ 20 mil terão que ser pagos. O presidente, José Guilherme Flenick, diz que o valor já foi levantado e que a inscrição será garantida. Porém, ele conta com os recursos do Fundo Especial de Incentivo a Projetos Esportivos (Feipe) para a temporada 2009. ‘‘Se formos prejudicados (por causa da denúncia de falsificação), vamos entrar na justiça por danos morais e materiais. É um absurdo’’, protestou Flenick. Ele calcula que o time precisa de uma folha salarial de pelo menos R$ 60 mil para disputar a Liga Nacional. ‘‘O ideal era R$ 100 mil, mas é difícil o empresário londrinense entender que o retorno em marketing que ele terá será muito grande. A Inesul botou R$ 180 mil no ano passado e teve um retorno de mídia de R$ 5,7 milhões, segundo estudo da CBB’’, disse Flenick. Já a ADL/Inesul promete brigar pela verba do Feipe também, mesmo que não se enquadre nos requisitos atuais do edital, que incluem, entre outras obrigações, a apresentação do atestado de participação na Liga Nacional, que, por enquanto, somente a ULB teria. O impasse fez com que a Inesul cortasse o repasse de dinheiro. Assim, os jogadores não recebem mais salários. ‘‘Nós damos moradia, alimentação, bolsas de estudo e assistência médica, mas salários eles não têm mais’’, confirmou Chanan. (T.M.)
Thiago Mossini
Reportagem Local

Fonte : www.folhadelondrina.com.br

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